Estrelas da bolsa, esses ativos podem ter diferentes objetivos para as empresas e para o bolso dos investidores
Ações em alta, ações em baixa, o mercado acionário, a emissão de ações. Até quem ainda não investiu em renda variável está familiarizado com esses termos. Mas você entende realmente o que são as ações na prática?
Uma ação representa a menor fração do capital de uma empresa ou de uma sociedade anônima. Ela constitui um ativo financeiro que confere aos seus detentores, os acionistas, direitos e responsabilidades de um sócio, variando de acordo com o tipo de ação. Dessa forma, comprar ações é como obter uma parcela, ainda que mínima, de uma companhia, que pode até ser um unicórnio.
Embora todas as empresas possuam seu capital dividido em ações, somente as ações de empresas registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as quais são conhecidas como empresas de capital aberto, têm autorização para ser negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira.
Como as ações de uma empresa chegam ao mercado?
O propósito principal das empresas ao lançarem ações é captar recursos para o desenvolvimento de projetos que visam principalmente à expansão dos negócios. Existem dois tipos de emissão: por meio de uma oferta pública inicial (IPO) ou uma oferta subsequente (Follow-on).
O IPO, sigla para Oferta Pública Inicial, define a primeira vez que as ações de uma empresa são vendidas ao público. Durante esse processo, a empresa oferece suas ações aos investidores pela primeira vez. Após o IPO e a abertura de capital, a empresa pode fazer novas ofertas ao mercado, conhecidas como (Follow-on).
As ofertas públicas de ações podem ser do tipo primárias ou secundárias. Isso quer dizer que na distribuição primária, a empresa emite e vende novas ações ao mercado. No caso, o vendedor é a própria companhia e, assim, os recursos obtidos na distribuição são canalizados para o caixa da empresa.
Em uma distribuição secundária, as ações são vendidas pelo empreendedor ou por algum dos sócios atuais.
Ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN): conheça suas diferenças
Aqueles que pesquisaram sobre ações de empresas podem ter percebido diferenças nos nomes. Os tickers, códigos pelos quais as ações são negociadas na bolsa, vêm acompanhados das siglas ON ou PN, referindo-se a ações ordinárias e preferenciais, respectivamente.
A principal diferença é que as ações ordinárias (ON) dão ao investidor o direito a voto nas assembleias de acionistas. Por isso, são interessantes para quem quer influenciar na atuação e nas decisões da empresa, pensando no longo prazo. Na B3, há algumas empresas que só têm ações ON, como WEG, Lojas Renner e Magalu. Mas vale lembrar que o peso do voto é determinado pela quantidade de papéis nas mãos do investidor.
Já as ações preferenciais (PN) não oferecem esse benefício aos acionistas. Mas têm uma contrapartida: permitem receber dividendos em valor, no mínimo, 10% superior ao das ações ordinárias. Quem tem ações PN também tem prioridade no recebimento de reembolso do capital em caso de falência ou liquidação da empresa.
Como funciona o pagamento de dividendos de ações?
Embora as ações ordinárias paguem dividendos menores, elas conferem aos investidores um direito conhecido como tag along. Esse direito é um mecanismo de proteção para o pequeno investidor em situações de mudança no controle da empresa, garantindo a opção de vender suas ações se não desejar fazer parte do novo empreendimento.
No caso de uma aquisição empresarial, o comprador é obrigado a realizar uma oferta pública aos acionistas ordinários por, no mínimo, 80% do preço pago pelas ações do grupo controlador. Portanto, se a empresa for vendida por R$ 10 por ação, o acionista ordinário terá o direito de vender suas ações ao comprador por, no mínimo, R$ 8, independentemente do preço de mercado atual das ações.
Você sabia?
Fundado em 1808, o Banco do Brasil foi a primeira instituição financeira do país a ser listada em uma bolsa de valores. Quase um século depois de sua criação e após várias alterações operacionais, em 1906, tornou-se a primeira empresa de capital aberto a ser negociada na Bolsa Livre do Rio de Janeiro.
As ações preferenciais podem ou não entrar na regra do tag along. Isso vai depender do Estatuto Social da empresa. Nele constam informações importantes sobre a companhia, como a regulamentação das assembleias e dos conselhos.
Uma forma simples de identificar se uma ação é ordinária ou preferencial, além da denominação ON e PN que pode aparecer junto ao ticker, é olhar o número de referência na bolsa. Na B3, as ações ordinárias terminam com a numeração 3, como: VALE3, PETR3 e WEGE3. Enquanto as ações preferenciais terminam com 4, ficando: ITUB4, GGBR4, PETR4.
Além desses títulos, a bolsa negocia também as units, que são conjuntos de diferentes tipos de valores mobiliários, normalmente ações ON e PN. Como combinam essas duas classes de ações, elas podem oferecer dividendos e direitos de voto. Na B3, as units identificam-se pelo número 11 seguindo o código da empresa.